quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sobre Turismo Solidário

Interessante observar o vídeo sobre Turismo Solidário que temos aqui no blogue, do lado direito, mais abaixo. Creio ser importante dar uma conferida e refletirmos sobre sua mensagem e concepção de turismo e de solidariedade. Mesmo pessoalmente discordando de ambos...

O que se apresenta é uma ideia de turismo ainda vinculada ao negócio estrito senso, em que existem empreendimentos, muito possivelmente alheios aos destinos, oferecendo serviços de deslocamento a lugares com determinado apelo. Apelo este que, por sua vez, atende a demandas condicionadas pela sociedade tal como é organizada e orientada, de forma praticamente hegemônica, por valores identificados com o lucro, por um lado, e a caridade, por outro...

A questão do lucro aparenta vir com a noção exposta - e já relativamente ultrapassada, diria até jurássica... - do turismo como negócio. A caridade vem na esteira do que se apresenta como solidariedade: jovens em busca sei lá do que, se deslocam a determinados lugares, carentes, provavelmente, e destinam toda sua caridade através do que? Do já famoso voluntariado!

Individualmente nada tenho contra o voluntariado, principalmente quando é acompanhado de consciência crítica e compromisso político. Seria essa a proposta apresentada no pequeno vídeo? Será que as propostas de turismo solidário se constróem com o horizonte de negar as bases do turismo moderno que mercantiliza relações humanas, o encontro, o visitar e o receber? Será que o que se quer em turismo solidário é conquistar um "nicho" de um mercado e de uma sociedade que intrinsecamente são geradores de pobreza, ou se pretende ter no turismo um meio de provocar a sensibilidade e consciência das pessoas que se deslocam e que recebem, de maneira a promover a solidariedade no sentido de buscar superar o que se nega?

Turismo solidário, comunitário, de base local e com outras adjetivações não precisa - nem deve - ser tomado como segmento ou "modalidade". Precisam amadurecer como conceitos apoiados em bases políticas e filosóficas que lhes dêem uma práxis e um sentido crítico e emancipatório, antagônicos às concepções hegemônicas de sociedade, de produção e, por consequência, de turismo.

Rodrigo Machado

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